"Restava-me o amparo dos livros" - José Jorge Letria

domingo, 22 de novembro de 2009

Ponto final


Quantas vezes o coração não chora à procura de um sentido para continuar a bater? Quantas vezes nos perdemos em memórias que o ferem e que o fazem questionar se existe um motivo para continuar a pulsar o sangue que corre tão certo nas nossas veias?
Não consigo criticar nem olhar de lado as pessoas que depois de viverem angustias, transtornos decidem parar o coração, parar aquilo que lhes dá força! Não sou a pessoa certa para lhes dizer que é egoísmo da parte delas, que ficará cá alguém a sofrer no lugar delas... Mas para mim também se torna egoísmo deixar que essa pessoa viva sofrendo! O coração é fraco, a mente é assustadoramente interpelada por memórias que queremos esquecer, o humano é uma obra prima capaz de ultrapassar barreiras complicadas menos a ideia de sofrimento que sozinho não será capaz de colocar uma pedra!
Não sei o que me espera, sei apenas que tenho medo de sofrer ao ponto de querer parar o meu coração, de querer colocar um ponto final na minha história.
Medito neste momento, nas adolescentes que passam pelo trauma de um acto sexual involuntário, até que ponto elas conseguem viver com isso? Será possível considerar que um suicídio por este motivo seja um acto de egoísmo? Será que o egoísta aqui não foi o monstro que continua vivo?
Questões que apenas um dia saberei a sua resposta!


[Dedicado à prima Joana que com 17 anos pôs um ponto final na sua história. Vitima de violador em série na Lousã]

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